sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

O parque das minhas primaveras

                                                                                                                                                   (foto)

A grama está mais verde do que você imagina, o vento passa sobre minha face e sinto o cheiro de pipoca no ar, lembra meus seis anos de vida, quando eu corria e não me importava de ralar o joelho, quando eu pedia para os meus pais comprarem a pipoca, quando eu não me importava de acordar cedo para ver o sol sobre o rio do parque. Ver as outras crianças correndo me fazia bem, a gente botava as mão nas plantas para comparar a textura. Eu não me importava de melar meu vestido de picolé, mas para minha mãe isso era quase pecado. Foi quando menos se esperava, uma coisa ruim veio: violência. Foi difícil eu voltar para aquele parque depois de um terrível assalto que houve ali (não com migo), me senti triste, me senti traída pela sociedade, eu não parava de pensar "quem poderia ser tão babaca de fazer um assalto no local ideal para admirar a primavera?", mas descobri que eu não poderia sentir aquele cheiro de novo, não poderia melar meu vestido de picolé... não poderia sentir as árvores novamente. Eu achava que aquele era o fim da primavera perfeita... até esse ano. Eu achei que esse ano iria ser uns dos piores anos do meu mundo, até conhecer a beleza da primavera em um outro parque. Não tinha cheiro de pipoca no ar, mas sim de algodão doce, tinha lindas árvores e flores que eu adoro, tinha criança (mas isso já não fazia grade diferença, não sou mais criança), tinha comida, um rio mais bonito, e era um local admirado por muitos. Percebi naquele banco solitário, em quanto bebia uma gelada água de coco e sentia o vento levar meus cabelos para trás, que ali seria um novo local... um local para admirar a primavera... mas também pensei com uma dor no peito e com uma pequena felicidade na cabeça que o primeiro parque nunca será substituído, aquele cheiro era único, não importa quantas pipocas se façam, nunca será igual aquela. Os melhores momentos não se encontram em fotos, e sim na mente, é lá que lembramos os cheiros e das sensações... e é de lá que se encontra a felicidade. 

2 comentários:

  1. Gostei muito do seu texto, e amei seu blog, flor.
    Beijo, visita meu blog se puder:

    princesadosvicios.blogspot.com.br

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    1. Obrigada, legal saber que as pessoas gostam dos meus textos.

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